«Dizia para mim: ‘Afunda-te - maldito! Afunda-te nela’ Foi com estas palavras que recomeçou a falar. Desejava que tudo estivesse terminado. Estava sozinho e formulava mentalmente estas imprecações contra o barco, enquanto gozava o privilégio de assistir a cenas - segundo depreendi - de baixa comédia. Andavam ainda à volta do tal perno do peão. O capitão ordenava: 'Meter debaixo e procurar levantar'; os outros naturalmente esquivavam-se. Compreendem que encontrar-se comprimido debaixo da quilha de um salva-vidas não era a posição ideal para ser colhido pelo afundamento repentino do barco. 'Porque não vai o senhor, que é o mais forte de nós?', dizia o maquinista baixinho, num tom lamuriento. 'Raios me partam! Sou gordo de mais', respondia atabalhoadamente o capitão, desesperado. Era tão cómico que até o Diabo se ria. Pararam um instante, e de repente o maquinista-chefe precipitou-se outra vez para Jim.
«'Venha ajudar-nos, homem! Está doido, quer atirar fora a única oportunidade de salvação? Venha ajudar-nos, homem! Oh, homem! Olhe ali... olhe!'
«E finalmente Jim olhou na direcção da ré para onde os outros apontavam com uma insistência de maníacos. Viu uma formação de nuvens negras, silenciosas, anunciadoras de tempestade, que devoravam já um terço do céu. Sabem como essas formações se apresentam naquela região, naquela época do ano. Primeiro vê-se apenas o horizonte escurecer; depois levanta-se uma nuvem, opaca como uma parede. Uma crista, direita, de névoa orlada de raios de um branco lívido começa a mover-se vinda do sudoeste e traga inteiras as constelações de estrelas; a sua sombra corre veloz sobre as águas e confunde o céu e o mar num abismo de escuridão. E tudo está calmo. Nem um trovão,