Lord Jim - Cap. 26: Capítulo XXV Pág. 264 / 434

Atravessou mais de metade da povoação. Velozes, as mulheres corriam para a esquerda e para a direita; os homens, mais lentos, limitavam-se a deixar cair o que tinham nas mãos e ficavam petrificados, de queixo caído. Jim era um terror volante. Viu crianças, ao tentarem fugir, caírem de barriga no chão e começarem a espernear. Trepou uma encosta entre duas casas, escalou a custo uma barricada feita de árvores abatidas (não havia semana sem combate em Patusan, nessa época), derrubou a cerca de um milheiral, onde um rapaz, assustado, lhe atirou um pau, meteu-se por um carreiro e caiu de repente nos braços de um grupo de homens estupefactos. Ainda teve fôlego para articular com dificuldade: 'Doramin! Doramin!' Lembra-se de ter sido meio levado, meio empurrado, até ao alto da encosta, para um vasto recinto com palmeiras e árvores de fruto, e de se ter encontrado em face de um homem corpulento sentado pesadamente numa cadeira, no meio da maior agitação e da maior comoção possíveis. Remexeu na lama e na roupa para encontrar o anel e sentiu-se subitamente caído de costas a perguntar a si próprio quem o teria atirado ao chão. Tinham-no simplesmente soltado - percebem? -, mas ele não conseguia ficar de pé. No sopé da encosta dispararam alguns tiros perdidos e acima dos telhados elevou-se um surdo rumor de espanto. Mas Jim estava em segurança. Os homens de Doramin ocupam-se a barricar o portão e deitavam-lhe água pela garganta abaixo; a velha esposa de Doramin, cheia de solicitude e de comiseração, gritava ordens às criadas com voz aguda. 'A boa velha, disse ele suavemente, 'afadigava-se à minha roda como se eu fosse o seu próprio filho. Puseram-me numa cama enorme - a sua cama rica -, e ela entrava e saía a enxugar os olhos, para me dar pancadinhas nas costas.




Os capítulos deste livro