Lord Jim - Cap. 29: Capítulo XXVIII Pág. 286 / 434

Uma grinalda de folhas e flores fora tecida à volta das pontas dessas frágeis estacas... e as flores estavam frescas.

«Assim, seja ou não essa sombra fruto da minha imaginação, posso em rodo o caso indicar o facto significativo de uma sepultura, que não fora esquecida. E se vos disser que Jim levantara a cerca rústica com as suas próprias mãos, compreenderão imediatamente o que diferencia esta história e o seu lado pessoal. Nesta união de uma recordação e uma ternura dirigidas a outro ser há qualquer coisa de característico da sua seriedade. Jim tinha uma consciência, e uma consciência romântica. Durante toda a sua vida, a mulher do inominável Cornélio não tivera outra companheira, outra confidente, a não ser a sua filha. O que levou a pobre mulher a casar com o terrível português de Malaca - depois de se ter separado do pai da sua filha -, ou até o que originou essa mesma separação, se a morte, por vezes misericordiosa, se a pressão impiedosa das convenções, é um mistério para mim. Pelo pouco que Stein (que conhecia tantas histórias) me deu a entender, estou convencido de que não era uma mulher vulgar. O seu pai, um alto funcionário administrativo, era branco e um desses homens grandemente dotados que não são suficientemente estúpidos para se preocuparem com o êxito e cujas carreiras acabam tantas vezes na sombra. Suponho que ela também não devia ter possuído a estupidez salutar... e a sua carreira terminou em Patusan. O nosso destino comum... pois onde está o homem - refiro-me ao homem realmente sensível que não se lembre vagamente de ter sido abandonado, na plenitude da posse, por alguém ou alguma coisa mais preciosa do que a vida?... O nosso destino comum pesa sobre as mulheres com uma refinada crueldade. Não pune como um déspota, inflige uma tortura interminável, como que para satisfazer um rancor secreto e implacável.





Os capítulos deste livro