Lord Jim - Cap. 39: Capítulo XXXVIII Pág. 373 / 434

Quando a chalupa chegou em frente da mesquita (que Doramin mandara construir e que tinha ornamentações de coral nos remates das empenas e do telhado), o espaço livre diante do edifício estava cheio de gente. Elevou-se um grito que foi seguido por uma chinfrineira de gongos em todo o curso do rio. De um ponto alto, dois pequenos canhões de cobre vomitaram metralha que veio cair no rio deserto e fez esguichar jactos de água cintilantes. Em frente da mesquita, uma multidão ululante começou a disparar, e os tiros ricocheteavam de través na corrente do rio; nas duas margens crepitava uma fuzilaria irregular, e os homens de Brown replicaram com uma descarga rápida e desordenada. Tinham recolhido os remos.

«A volta da praia-mar dá-se muito rapidamente neste rio, e a embarcação, a meio da corrente, escondida quase pelo fumo, começou a descair de popa. Ao longo das duas margens, o fumo também se adensava por cima dos telhados numa faixa horizontal, como quando se vê uma nuvem cortar a encosta de uma montanha. O tumulto de gritos de guerra e de raiva, o clangor vibrante de gongos, o surdo rufar de tambores, o barulho das salvas de artilharia, faziam um ruído ensurdecedor, que deixava Brown aturdido, mas sem perder a firmeza no leme, e lhe provocava fúria e ódio contra aquela gente que ousava defender-se. Dois dos seus homens tinham sido feridos, e ele via a retirada cortada por barcos que tinham saído da paliçada de Tunku Allang. Havia seis deles apinhados de homens. Ao sentir-se cercado, reparou na embocadura do ribeiro (o mesmo para onde Jim saltara na baixa-mar). Estava agora completamente cheio até à borda. Brown dirigiu a chalupa para lá e desembarcaram. E, para encurtar a história, instalaram-se no alto de um pequeno cômoro, a cerca de 900 jardas da paliçada, que dominavam daquela posição.





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