Lord Jim - Cap. 41: Capítulo XL Pág. 388 / 434

«Para atrair o fogo do inimigo e localizar os grupos que podiam estar escondidos nos matagais, ao longo do riacho, Brown ordenou ao ilhéu das Salomão que descesse à chalupa para trazer um ramo, como quem manda um cão buscar um pau atirado à água. Mas esta tentativa falhou e o homem regressou sem que um único tiro tivesse sido disparado contra ele. 'Não há ninguém', opinaram alguns dos homens. 'Não é natural', observou o ianque. Naquela altura, Kassim já havia partido impressionado, satisfeito e também bastante inquieto. No prosseguimento da sua política tortuosa, enviara um mensageiro a Dain Waris para o avisar de que tivesse cuidado com o barco dos brancos, que, segundo fora informado, se aprestava a subir o rio. Kassim minimizava a força do navio e exortava o jovem a opor-se à sua passagem. Este jogo duplo servia os seus desígnios, que eram dividir as forças dos Bugis e enfraquecê-las em combate. Por outro lado, enviara no mesmo dia uma mensagem aos chefes bugis, reunidos em assembleia na cidade, em que afirmava que tentaria convencer os invasores a retirarem; as mensagens para o forte reclamavam insistentemente pólvora para os homens do rajá. Havia já muito tempo que Tunku Allang não tinha pólvora para a vintena de velhos mosquetes que se enferrujavam no armeiro da sala de audiências. As relações estabelecidas abertamente entre o palácio e a colina perturbaram fortemente os espíritos. Era já tempo de tomar partido, começaram a murmurar, Ia haver em breve grande efusão de sangue, e depois muita gente sofreria enormes aborrecimentos. O edifício social elevado pelas mãos de Jim, existência pacífica e ordeira em que cada um via assegurado o dia de amanhã, parecia, naquela tarde, votado à ruína, prestes a afundar-se no sangue.





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