Lord Jim - Cap. 44: Capítulo XLIII Pág. 414 / 434

Este encarregou-o de levar o bilhete porque ele sabia falar inglês, Brown conhecia-o e não seria provavelmente morto por causa do nervosismo de um dos homens, como poderia acontecer a um malaio que se aproximasse ao lusco-fusco.

«Cornélio não se afastou, depois de ter entregado o papel. Brown estava sentado diante de uma minúscula fogueira e todos os outros estavam deitados. 'Tenho uma coisa para lhe dizer que lhe deve interessar', murmurou Cornélio com um ar aborrecido. Brown não lhe prestou atenção. 'Não o matou', prosseguiu o outro, 'e que ganhou com isso? Podia ter obtido dinheiro do rajá, além do saque de todas as casas bugis, e agora vai-se embora sem nada.' 'É melhor que se ponha a mexer', resmungou Brown sem mesmo olhar para ele. Mas Cornélio deixou-se cair ao lado dele e pôs-se a cochichar com volubilidade, tocando-lhe no cotovelo de vez em quando. O que Cornélio tinha para dizer fez Brown endireitar-se e soltar uma praga. Cornélio informara-o muito simplesmente da presença do grupo armado de Dain Waris na parte de baixo do rio. De começo, Brown viu-se vendido e traído, mas um momento de reflexão bastou para o convencer de que não podia tratar-se de traição. Não ripostou, e, instantes depois, Cornélio, num tom de completa indiferença, observou que havia outra saída do rio que ele conhecia muito bem. 'Sempre é bom saber', disse Brown, que arrebitou as orelhas; Cornélio começou a falar do que se passava na cidade e repetiu tudo o que se tinha dito no conselho, tagarelava aos ouvidos de Brown num tom monótono, como alguém que estivesse a falar junto de homens adormecidos que não desejasse acordar. 'Ele julga que me tomou inofensivo, não é verdade?... ', murmurou Brown em voz muito baixa. 'Sim, é um idiota, uma criança.





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