Com a intenção de separar os salva-vidas do barco, puxou do canivete e pôs-se ao trabalho. Cortava como se não tivesse visto nada, ouvido nada, não conhecesse ninguém a bordo ou não soubesse que havia ali alguém. Os outros julgaram-no irremediavelmente desatinado, louco, mas não ousaram protestar ruidosamente contra esta inútil perda de tempo. Quando acabou, voltou exactamente para o mesmo lugar donde tinha saído. O maquinista-chefe, que já lá se encontrava, deitou-lhe a mão ao ombro e sussurrava, sarcástico, tão junto da sua cabeça que parecia querer morder-lhe a orelha: 'Imbecil! Pensa que terá a mínima oportunidade de escapar quando todos estes brutos estiverem nos salva-vidas? Pode estar certo de que lhe há-de quebrar a cabeça, de dentro deles.'
«Torcia as mãos colado a Jim, que o ignorava. O capitão mexia nervosamente os pés sem sair do mesmo sítio e resmungava: 'Um martelo!, um martelo! Mein Cott!' Tragam um martelo!'
«O maquinista baixinho choramingava como uma criança, mas mesmo com o braço partido, revelou-se, segundo parece, o menos cobarde do grupo, e reuniu a coragem suficiente para ir à casa das máquinas fazer o recado, não era brincadeira nenhuma, diga-se de passagem, para lhe fazer justiça, Jim contou-me que ele lançara olhares desesperados à volta, como um homem acossado, e com um gemido profundo partira a correr. Num segundo estava de volta, a trepar a escada com os pés e as mãos, com o martelo, e, sem se deter, atirou-se ao perna do peão. Os outros abandonaram imediatamente Jim e correram a ajudá-lo. Ouviu o taquetaque do martelo ;': o ruído do peão solto, a cair. O salva-vidas estava disponível. Só então se voltou para ver, só então. Mas guardou as distâncias - guardou as distâncias. Ele queria que eu soubesse que guardara as distâncias; que nada havia de comum entre ele e esses homens que tinham o martelo.