A mãe ensinara-lhe a ler e a escrever; aprendera um bocado de inglês com Jim e falava-o de uma maneira divertida, com a entoação e as abreviaturas infantis dele. A sua ternura pairava sobre ele como um bater de asas. À força de viver na total contemplação de Jim, acabara por adquirir um pouco do seu aspecto exterior, qualquer coisa que fazia lembrar os gostos dele, a maneira como estendia o braço, voltava a cabeça, dirigia os olhares. A sua ternura vigilante tinha uma tal intensidade que quase se tornava perceptível aos sentidos; parecia existir na substância ambiente do espaço para envolver Jim como um perfume especial, para vibrar à luz do Sol como uma nota trémula, sustida e apaixonada. Supõem talvez que eu também sou romântico, mas estão enganados. Estou a narrar-vos as puras impressões de um fragmento de juventude, de um romance estranho e inquietante que encontrei no meu caminho. Observava com interesse o trabalho da sua, digamos, boa sorte. Jim era ciosamente amado, mas porquê e de que tinha ela ciúmes não saberia dizer. O país, as pessoas, as florestas, eram seus cúmplices e guardavam-no com uma vigilância subentendida, com um ar de segredo, de mistério e de posse invencível. Reclusão sem apelo, por assim dizer; ele era prisioneiro da liberdade da sua própria força, e ela, embora estivesse pronta a fazer da sua cabeça um degrau para os pés dele, guardava a sua conquista inexoravelmente, como se ele fosse difícil de guardar. O próprio Tamb’ Itam, quando andava, nos nossos passeios, colado aos calcanhares do seu senhor branco, com a cabeça atirada para trás, truculento e ferozmente armado como um janízaro, com cris, alfange e lança (além de levar a espingarda de Jim) , até mesmo Tamb' Itam se permitia dar-se ares de uma vigilância inflexível como um carcereiro rabugento e dedicado pronto a dar a vida pelo seu prisioneiro.