Capítulo 31: Capítulo XXX
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Muito intrigado, Jim perguntou-lhe de longe que diabo queria ele dizer. 'Já reflectiu no que lhe falei à bocado?', perguntou Cornélio, que pronunciava as palavras com dificuldade, como um homem que tivesse sido atacada por uma febre quartã. 'Não', gritou Jim furioso. 'Não reflecti e não tenciono pensar nisso. Vou ficar a viver aqui, em Patusan.' 'Você vai m... m... morrer aqui', respondeu Cornélio, que ainda tremia violentamente, no torre, de voz de um moribundo. Toda a cena era tão absurda e tão irritante que Jim não sabia se se devia rir ou zangar. 'Não antes de o ver a si morto e enterrado, aposto', lançou-lhe ele exasperado, mas ainda com vontade de rir. Meio a rir, meio a brincar (excitado como estava pelos seus pensamentos, como sabem), prosseguiu aos gritos. 'Nada me poderá tocar! Pode fazer-me as piores patifarias.' De certo modo, o tenebroso Cornélio parecia ser a odiosa escamação de todos os aborrecimentos e dificuldades que ele encontrava no seu caminho. Os seus nervos foram-se abaixo (tinham sido demasiado postos à prova durante dias e dias), e chamou-lhe muitos nomes bonitos: escroque, caloteiro, mentiroso, miserável, canalha, e assim por diante. Admitia ter ultrapassado todos os limites, porque estava fora de si; desafiou o Patusan inteiro a expulsá-lo pelo medo; declarou que os faria a todos dançar ao som da sua guitarra, e assim por diante, num tom ameaçador e ostensivo. Perfeitamente bombástico e ridículo, disse ele. Sentia as orelhas a arder só de se lembrar dessa cena. Não devia estar no seu juízo perfeito... A rapariga, que escutava sentada ao pé de nós, fez-me um sinal rápido com a cabeça, teve um leve enrugar de sobrancelhas e disse: 'Estava a ouvi-lo', com uma solenidade infantil. Jim riu e corou.
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Páginas: 434
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