Stein, com quem Jim mantivera relações por correspondência, obtivera do Governo holandês uma autorização especial a fim de exportar para o Patusan quinhentos barris de pólvora. O respectivo depósito era uma pequena cabana de troncos em bruto completamente cobertos de terra, e na ausência de Jim era a jovem que ficava com a chave.
«No conselho, realizado às onze horas da noite na sala de jantar de Jim, ela apoiou Waris, que era de opinião que se devia entrar imediatamente em acção. Dizem-me que ela se postou ao lado da cadeira vazia de Jim, à cabeceira da comprida mesa, e fez um discurso belicoso e apaixonado, que na altura provocou murmúrios de aprovação da assembleia dos chefes da cidade, ali reunidos. O velho Doramin, que há mais de um ano não pusera pé fora do portão da sua casa, fora transportado com grande dificuldade. É claro que, ali, era ele o chefe. O estado de espírito do conselho era irascível, e a palavra do velho teria sido decisiva; mas estou convencido de que, com medo da coragem fogosa do filho, não ousou pronunciar a palavra necessária. Prevaleciam outros pareceres mais dilatórios.
«Um tal Haji Saman demonstrou com todos os pormenores que esses homens ferozes e tirânicos tinham-se, sem sombra de dúvida, entregado a uma morte certa. Ou aguentavam firmes na colina e morriam de fome, ou tentavam alcançar a chalupa e eram mortos por homens emboscados do outro lado do riacho, ou então rompiam o cerco e fugiam para a floresta, onde morreriam um a um'. Afirmava que esses malditos estrangeiros podiam ser destruídos com estratagemas sem se correr o risco de uma batalha; as suas palavras foram de grande peso, sobretudo para os homens de Patusan propriamente ditos. O que perturbava os espíritos da gente da cidade era o facto de os barcos do rajá não terem actuado no momento decisivo.