«Por fim, a maré encheu e calou os queixumes e os gritos de dor. Aproximava-se o alvorecer quando Brown, sentado em face de Patusan, com o queixo apoiado na palma da mão e o olhar de quem fita a encosta inacessível de uma montanha, ouviu o som breve e ressonante de um canhão de bronze disparado ao longe, algures na cidade. 'Que é isto?', perguntou a Cornélio, que andava à roda dele. Cornélio pôs-se à escuta, um clamor abafado rolava sobre a cidade, a todo o curso do rio; um enorme tambor começou a vibrar, e outros que rufavam e zumbiam responderam-lhe. Minúsculas luzes dispersas começaram - a cintilar na parte obscurecida da cidade, enquanto a parte iluminada pelo clarão das fogueiras vibrava com um profundo e prolongado murmúrio. 'Ele já chegou', disse Cornélio. 'Quê? Já? Tem a certeza?', perguntou Brown. 'Sim! Sim! De certeza. Ouça este barulho.' 'Porque estão a fazer tanta algazarra?', prosseguiu Brown. 'De alegria', resmungou Cornélio: 'é um homem importante, aqui, mas não passa de uma criança, e eles fazem todo este barulho para lhe serem agradáveis, porque não sabem mais do que ele.' 'Ouça cá', disse Brown, 'como é que me poderei aproximar dele?' 'Virá falar-lhe', declarou Cornélio. 'Que quer dizer? Virá aqui como quem anda a passear?' Cornélio fez na escuridão um movimento enérgico com a cabeça. 'Sim. Virá direito aqui para lhe falar. É um verdadeiro imbecil. Há-de ver como ele é idiota.' Brown permanecia incrédulo. 'Há-de ver, há-de ver', repetia Cornélio. 'Ele não tem medo... não tem medo de nada. Virá ordenar-lhe que deixe o povo dele em paz. Toda a gente tem de deixar o povo dele em paz. É uma autêntica criança. Há-de vir logo ter consigo.' Ah!, ele conhecia Jim muito bem esse 'reles safardana', como lhe chamou Brown quando falou comigo.