Tanto numa como noutra hipótese - insolência ou desespero -, senti que não podia fazer nada por ele. Isto passou-se no segundo dia do processo. Logo a seguir a esta troca de olhares a audiência foi suspensa ao dia seguinte. Os brancos começaram imediatamente a sair em grupos. Jim, que fora autorizado um pouco antes a descer do banco das testemunhas, pudera ser dos primeiros a sair. Vi-lhe os ombros largos e a cabeça delineados na luz que entrava pela porta, e enquanto eu abria lentamente caminho para a saída, a falar com alguém - um desconhecido que metera conversa comigo -, via-o de dentro da sala do tribunal, com os cotovelos apoiados na balaustrada da varanda, as costas voltadas para a pequena corrente de pessoas que se escoava pelos dois ou três degraus. Ouvia-se um murmúrio de vozes e um arrastar de pés.
«O caso que ia ser julgado a seguir era o de um assalto e agressão comendo contra um prestamista, creio eu; e o réu um venerável aldeão com uma incorrecta barba branca - estava sentado numa esteira mesmo ao sair da porta, com os filhos, as filhas, os genros, as mulheres destes, e, penso eu, sociedade dos habitantes da sua aldeia, acocorados ou de pé, a rodeá-lo. Uma mulher morena, esbelta, com parte das costas e um ombro escuro nus e um o anel de ouro no nariz, começou de repente a falar num tom agudo e rabugento. O homem que vinha a sair comigo olhou instintivamente para ela. Estávamos mesmo a sair a porta, passando por detrás das costas -buscas de Jim.
«Se foram esses aldeões que trouxeram o cão amarelo com eles, não sei.
Fosse como fosse, andava ali um cão a mexer-se para trás e para diante por entre as pernas das pessoas, nessa maneira silenciosa e furtiva que têm os cães indígenas, e o meu companheiro tropeçou nele.