Ouviam-se lá em cima grandes correrias e grandes gritarias, e depois de passar pela escotilha parou de repente - como que desconcertado.
Era ao anoitecer de um dia de Inverno. O vento forte tinha refrescado desde o meio-dia e obrigado a parar o tráfego no rio; agora soprava com a força de um furacão em rajadas espasmódicas que ribombavam como salvas de canhão sobre o oceano. A chuva caía oblíqua em bátegas que oscilavam com movimentos rápidos e diminuíam, e de vez em quando entrevia em relances prenhes de ameaças a corrente alterosa, a pequena embarcação revolvida e arremessada contra a margem, os edifícios imóveis no meio do nevoeiro errante, o barco da travessia ancorado a arfar pesadamente, com as vastas plataformas de desembarque a erguer-se e a baixar-se, cobertas pelo espadanar da água.
Parecia que tudo ia desaparecer levado pela próxima rajada. O ar estava saturado de uma poalha líquida. Havia uma determinação feroz na tempestade, um zelo furioso no estridor do vento, no tumulto brutal da terra e do céu, que lhe parecia dirigida a ele e que o obrigou a reter a respiração, apavorado. Permanecia imóvel e era como se estivesse no centro de um turbilhão.
Empurravam-no. «Preparem o escaler!» Os rapazes passavam-lhe à frente a correr precipitadamente. Um navio costeiro que entrara à procura de abrigo tinha colidido com uma escuna ancorada, e um dos instrutores do navio-escola vira o desastre. Um grupo numeroso de rapazes trepara para a amurada, apinhara-se à volta dos turcos. «Uma colisão. Mesmo à nossa frente. O Sr. Symons viu-a.» Um empurrão fê-lo cambalear e atirou-o contra o mastro da mezena; agarrou-se a uma corda. O velho navio-escola, acorrentado ao seu ancoradouro, estremeceu todo, inclinando docilmente a proa na direcção do vento, e com ela o seu escasso cordame, cantarolando, numa voz profunda e ofegante, a canção da sua juventude passada no mar.