Lord Jim - Cap. 12: Capítulo XI Pág. 138 / 434

.. Tem de... ! Disse que acreditaria.' 'Está claro que acredito', prozei num tom de quem não quer a coisa, que produziu um efeito calmante :desculpe-me', disse. 'É evidente que eu não lhe teria contado tudo isto se não fosse um cavalheiro. Eu não me enganaria... Eu sou... eu sou... tamanho um cavalheiro .. .' 'Com certeza, com certeza', disse eu rapidamente tava a olhar-me decidido, de frente, e afastou os olhos devagar. 'Agora compreende porque é que apesar de tudo, eu não... eu não quis desaparecer dessa maneira. Não ia assustar-me com o que tinha feito. E de todos os modos, se tivesse ficado no barco, teria feito o possível para me salvar. - vê-se de homens que boiaram durante muitas horas - no alto mar ;: que foram encontrados em boas condições. Eu poderia ter suportado uma coisa semelhante melhor do que muitos outros. Não sofro do coração.' Retirou a mão direita do bolso e deu uma pancada no peito que ressoou como uma detonação surda na noite.

«'Não', disse eu. Ele ficou a meditar com as pernas ligeiramente afastadas e o queixo descaído. 'A cabeça de um alfinete', murmurou. 'Nem a cabeça de um alfinete entre isto e aquilo. E nesse momento... '

«'É difícil ver uma cabeça de alfinete à meia-noite', intervim eu um pouco maldosamente. Estão a ver o que quero dizer quando falo na solidariedade do ofício? Eu estava ofendido com ele, como se me tivesse defraudado a mim - a mim! - de uma esplêndida oportunidade de guardar as ilusões dos meus começos, como se ele tivesse roubado ao que tínhamos de comum na nossa vida o último reflexo do seu encanto. 'E assim', recomecei eu, 'você fugiu, sem perda de tempo.'

«'Saltei', corrigiu ele incisivamente. 'Saltei - não se esqueça!', repetiu e eu surpreendi-me com a intenção manifesta, mas obscura.





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