Lord Jim - Cap. 43: Capítulo XLII Pág. 409 / 434

Eram pecadores a quem o sofrimento impedia a distinção entre o bem e o mal. Já se tinham perdido algumas vidas, para quê perder mais? Jim declarou aos que o ouviam, aos chefes do povo reunidos em assembleia, que o bem deles era o seu bem, as perdas deles as suas perdas, o luto deles o seu luto. Circunvagou o olhar pelos rostos graves e atentos e pediu-lhes que não se esquecessem de que tinham combatido e trabalhado ao lado uns dos outros. Conheciam a sua coragem... Foi interrompido por um murmúrio... E sabiam que ele nunca os tinha enganado. Tinham vivido juntos durante muitos anos, e ele nutria um grande amor pelo país e por aqueles que nele viviam. Estava pronto a responder com a sua vida pelo mal que lhes pudesse advir se os bandoleiros fossem autorizados a partir; eram malfeitores, mas o destino também fora cruel para com eles. Já alguma vez lhes dera um mau conselho? Já alguma vez as suas palavras tinham causado ao povo o menor sofrimento?, perguntou ele. Era melhor deixar partir esses brancos e os que estavam com eles. Seria uma dádiva insignificante. 'Eu, que tenho sempre provado a minha lealdade para convosco, peço que os deixeis partir.' Voltou-se para Doramin. O velho nakhoda não se moveu. 'Então', disse Jim, 'chame Dain Waris, seu filho e meu amigo, pois eu não tomarei o comando.'»





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