«Esvaziou o copo e pôs-se a dar voltas aos polegares.
'Não, não; não se morre disso', exclamou por fim, e quando vi que não tinha intenção de contar aquela história pessoal fiquei tremendamente desapontado; para mais, não era o género de história que se pudesse insistir com ele para contar. Fiquei sentado em silêncio, e ele também, como se nada lhe fosse mais adaptável. Até os polegares agora estavam quietos. De repente começou a mexer os lábios. 'Assim é', resumiu com toda a calma.. 'O homem nasceu cobarde (L'homme est né poltrona). É uma dificuldade parbleu! De outra maneira seria muito fácil. Mas o hábito... o hábito... a necessidade... o olhar dos outros - voilà. Aceitamos isto. E depois há o exemplo dos outros que não são melhores do que nós, e que, contudo mostram coragem e presença de espírito'...
«Calou-se.
«Aquele jovem - repare bem - não teve nenhum desses estímulos pelo menos no momento necessário', fiz-lhe notar.
«Ergueu as sobrancelhas com ar de clemência 'Não digo que... ; não digo que... O jovem em questão podia ler tido as melhores disposições as melhores' disposições', repetiu, e a sua voz era ligeiramente sibilante. «'Estou contente por lhe ouvir exprimir uma opinião benigna sobre o caso', disse eu.