O olhar que me lançou perturbou-me como se fosse eu o responsável pelo que lhe acontecia: olhou para mim como se eu fosse a encarnação do mal. 'Tudo acabou', gaguejei. 'Sim', disse com os dentes cerrados. 'E agora que ninguém...' Com um safanão libertou o braço que eu tinha preso. Fiquei a vê-lo de costas quando partiu. Era uma rua comprida e pude segui-lo com o olhar durante um certo tempo. Caminhava bastante devagar e com as pernas um pouco afastadas, como se lhe fosse difícil andar a direito. Antes de o perder de vista pareceu-me que cambaleava um pouco.
«'Homem ao mar', disse uma voz profunda por detrás de mim. Voltei-me e vi um tipo que eu conhecia mal, um australiano do Oeste; chamava-se Chester. Também ele seguira Jim com os olhos. Era um homem com um peito enorme, uma face escanhoada, grosseira, cor de mogno, e dois tufos ásperos, cerdosos, de pêlos grisalhos, sobre o lábio superior. Fora , negociante de pérolas, desmantelado r de barcos, comerciante e também pescador de baleias, creio. Ele próprio o dizia, tinha sido tudo o que um homem pode ser no mar, menos pirata. O Pacífico, de norte a sul, era o seu terreno habitual de caça; mas viera até tão longe à procura de um barco a vapor barato para comprar. Ultimamente descobrira algures uma ilha de guano, mas desembarcar lá era difícil, e ancorar ali, o menos que se podia dizer era não ser seguro. 'Uma verdadeira mina de ouro', exclamava. 'Bumba, mesmo no meio dos recifes de Walpole; é bem verdade que não se encontra fundo para ancorar a menos de quarenta braças, mas que importa? Há também os furacões. Mas é um negócio de primeira ordem. Tão bom como uma mina de ouro - ou melhor! No entanto, nem um só desses imbecis compreende isso. Não consigo encontrar um capitão ou o dono de um barco que queira aproximar-se daquele lugar.
