Lord Jim - Cap. 19: Capítulo XVIII Pág. 203 / 434

.. Acredite-me, capitão Marlow, ninguém apanhava um barco que entrasse no porto pela primeira vez. Os outros armazenistas tinham de se contentar com a clientela antiga, e ainda assim... '

«Egström parecia sucumbido.

«'Sim, capitão, era capaz de navegar cem milhas para trazer um cliente a casa. Se estivesse a lançar um negócio dele, não faria melhor!... E agora, assim de repente... Então eu pensei: «Quer mais dinheiro, aí está!» Volto-me para ele e digo-lhe: «Não é preciso tanto barulho, Jim, diga-me quanto quer. Diga-me uma quantia razoável.» Olhou-me como se tivesse qualquer coisa atravessada na garganta: «Não posso continuar aqui!» «Que diz? Que brincadeira é estar» Abanou a cabeça, e compreendi, pela expressão dos seus olhos, que já aqui não estava. Então voltei-me para ele e disse-lhe tudo o que me veio à cabeça. «De que foge?», perguntei. «Que lhe fizemos? Que é que o atormenta assim? Os ratos não abandonam um navio como este a menos esperto do que eles. Onde quer encontrar uma situação assim? Palerma!... Pateta!» Digo-lhe que estava verde. «A casa não se vai afundar,» Deu um salto. «Adeus», diz ele; cumprimenta-me com um ar de grande senhor e continua: «Você, Egström, não é mau tipo, mas dou-lhe a minha palavra que, se conhecesse as minhas razões, não me pediria que ficasse.»

É a maior mentira que você disse nos dias da sua vida», respondo-lhe eu; sei muito bem o que quero.» Estava tão danado que me pus a rir. «Então tem tanta pressa que nem bebe a sua cerveja, malandrete?» Não percebo o que lhe deu, parecia que nem atinava com a porta; era cómico o capitão. Bebi eu a cerveja. «Muito bem, se está com tanta pressa, cá vai à sua saúde», disse eu; «mas repare bem no que lhe digo: se continuar a fazer cenas dessas, acabará por compreender que não há lugar bastante no mundo para si.





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