Lord Jim - Cap. 27: Capítulo XXVI Pág. 272 / 434

(Jim fez-me bater o país à procura de caça invisível). Ouvi uma boa parte no alto de um dos cabeças gémeos, depois de ter trepado de gatas os últimos cem pés. Enquanto a nossa escolta (tínhamos um séquito de voluntários que nos acompanhava de aldeia em aldeia) acampava numa pequena plataforma situada a meia encosta, e na calma de uma noite sem vento, o cheiro do fumo da madeira queimada trazia lá de baixo até às nossas narinas a delicadeza penetrante de um perfume raro. Subiam vozes até nós, maravilhosas na sua nitidez distinta e imaterial. Sentado no tronco de uma árvore derrubada, Jim pegou no cachimbo e começou a fumar. Uma nova vegetação de ervas e de arbustos brotava do solo; viam-se vestígios de uma fortificação militar sob uma massa de ramos espinhosos. 'Este foi o ponto de partida', disse ele após um longo silêncio meditativo. Na outra colina, por cima de um precipício sombrio de duzentas jardas, vi uma fileira de altas estacas enegrecidas: os restos, em ruínas, do campo inexpugnável do xerife Ali.

«Mas tinham-no tomado. E graças à ideia de Jim. Este montara a artilharia de Doramin no topo daquela colina: duas velhas peças de 7, enferrujadas, uns tantos pequenos canhões de bronze, desses canhões que servem de moeda corrente. Mas se os canhões de bronze representam riqueza, também podem, quando temerariamente carregados até à boca, lançar a boa distância sólida metralha. A questão era içá-los até lá acima. Jim mostrou-me os pontos onde tinha fixado os cabos, explicou-me como tinha improvisado um cabrestante primitivo com um tronco oco que rodava sobre uma estaca aguçada, indicou-me com o forno do cachimbo o traçado da fortificação. Os últimos cem pés tinham sido os mais difíceis de subir. Ao tornar-se responsável pelo êxito desta empresa, Jim pusera a sua própria cabeça em jogo.





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