Para mais, aí coisa de nove meses antes ele deparara-se-me em Samarang. O seu barco estava nas Roads a carregar, e ele pusera-se a insultar a organização tirânica do Império Germânico e a encharcar-se em cerveja, dia após dia, nos fundos da loja do De Jongh, até que o De Jongh, que cobra um florim por garrafa sem pestanejar, me chamou de lado e, com aquela cara encoirada toda às rugas, me declarou confidencialmente: 'O negócio é o negócio, mas este homem, capitão, dá-me vómitos. Tfui!'
«Eu olhava-o da sombra. Avançava um pouco à frente dos outros, e o sol, ao bater-lhe, punha em evidência o seu volume de maneira surpreendente. Lembrava-me um elefante bebé amestrado a andar sobre as patas de trás. Estava também vestido de uma maneira extravagante, e vistosa - com um pijama manchado com riscas ao alto verdes e laranja, um par de sapatilhas de palha, rotas, enfiadas nos pés nus, e um chapéu de fibra, tirado do caixote do lixo, muito sujo e duas vezes mais pequeno do que a sua medida normal, atado com uma corda de cânhamo-de-manila no cimo da cabeça. Compreendem perfeitamente que um tamanhão daqueles não tem sorte nenhuma quando necessita de pedir roupas emprestadas. Ora muito bem. Lá vinha ele com uma pressa dos diabos, sem olhar nem para a esquerda, nem para a direita. Passou rente a mim e avançou, com passo vigoroso e coração cândido, pela escada da Capitania, para fazer a sua deposição, ou relatório, ou o que lhe quiserem chamar.
«Parece que se dirigiu, antes de mais, ao primeiro-mestre da navegação.
Archie Ruthvel acabara de chegar e, segundo o que ele diz, ia começar o seu árduo dia de trabalho dando uma grande descompostura ao seu chefe de serviço. Alguns de vocês talvez o tenham conhecido - um mestiço português baixo, obsequioso, com um pescocinho todo pelangas e sempre com o pé no ar para apanhar aos capitães dos barcos alguma coisa, géneros comestíveis: um bocado de porco salgado, um saco de biscoitos, umas poucas de batatas, fosse o que fosse.
