Capítulo 6: Capítulo V
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Não se pode tropeçar em nada mais duro; é a coisa que cria pânicos clamorosos e pequenas infâmias caladas: é a sombra autêntica da calamidade. Acreditava eu, num milagre? Porque o desejava tão ardentemente? Era por amor de mim mesmo que desejava encontrar a sombra de uma desculpa para aquele jovem que eu nunca vira antes, mas cujo aspecto só por si acrescentava um toque de interesse pessoal aos pensamentos sugeridos pelo conhecimento da sua fraqueza, tornava-a qualquer coisa de misterioso e de terrível - como a insinuação de um destino destrutivo preparado para todos aqueles cuja juventude, no seu tempo, se assemelhara à juventude dele? Temo que fosse esta a razão secreta do meu indagar. Eu andava, e não me engano, à procura de um milagre. A única coisa que à distância me surpreende agora é a amplitude da minha imbecilidade. Eu esperava, mas esperava mesmo, obter desse inválido esgotado e suspeito um exorcismo contra o espectro da dúvida. Eu estava realmente muito desesperado, pois, sem perda de tempo, depois de umas frases amigáveis e indiferentes a que ele respondeu com uma prontidão vagarosa, como faria qualquer homem doente, introduzi na conversa a palavra Patna dissimulada numa pergunta cheia de delicadeza como num pedaço de seda macia. Eu estava a ser delicado por egoísmo: não queria assustá-lo; a minha solicitude não lhe era dirigida: eu não participava da sua raiva e não sentia pena dele: a sua experiência não tinha importância, a sua redenção não era o meu ponto de mira. Ele tinha envelhecido no meio de pequenas iniquidades e já não podia inspirar repulsa ou piedade. Repetiu Patnai, num tom interrogativo, pareceu fazer um curto esforço de memória e disse: 'Isso mesmo. Eu sou, nestas paragens, uma pessoa de muita prática.
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