Lord Jim - Cap. 2: Capítulo I Pág. 6 / 434

Assim, ao longo dos anos, tornou-se conhecido sucessivamente em Bombaim, em Calcutá, em Rangoon, em Penang, em Batávia - e em cada uma destas etapas era apenas Jim o corretor do porto. Mais tarde, quando a sua aguda percepção do Intolerável o afugentou para sempre dos portos e dos homens brancos e o impeliu até à floresta virgem, os malaios que habitavam a aldeia na selva que ele escolheu para esconder a sua lamentável disposição juntaram uma palavra ao monossílabo do seu incógnito. Chamaram-lhe Tuan Jim; assim como quem diz - Lord Jim.

Nascera num presbitério. Muitos comandantes de excelentes navios mercantes são originários dessas mansões de piedade e de paz. O pai de Jim possuía aquele conhecimento seguro do Incognoscível estabelecido para guiar a conduta daqueles que vivem em cabanas, de modo que não seja perturbada a tranquilidade de espírito daqueles a quem uma Providência infalível permite viver nos solares. A igrejinha no alto da colina tinha a cor cinzento-musgo de um rochedo visto através dos espaços recortados de uma vedação de folhagem. Erguia-se ali desde há séculos, mas as árvores à volta guardavam provavelmente a lembrança da colocação da primeira pedra. Em baixo, a frontaria vermelha do presbitério tremeluzia com matizados quentes, no meio de relvados, canteiros de flores e abetos, com um pomar nas traseiras, o pátio da estrebaria, pavimentado, à esquerda, e o telhado de vidro inclinado das estufas fixado ao longo de uma parede de tijolos. Este benefício eclesiástico pertencia à família havia já muitas gerações; mas Jim tinha mais quatro irmãos, e quando, depois de leituras ligeiras de férias, a sua vocação para o mar se manifestou, foi imediatamente mandado para «um navio-escola para oficiais da marinha mercante».





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